Além das frequentes e incômodas dores de cabeça, alguns enxaquecosos relatam que sofrem também com a perda de memória durante as crises de enxaqueca, mas será que existe mesmo alguma relação entre uma coisa e outra? Para falar mais sobre o assunto, o Enxaqueca Crônica entrevistou o neurologista e membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia, Dr. Elder Machado Sarmento (CRM RJ – 573160).
Segundo o médico, a dor aguda causa alteração na transmissão de estímulos nervosos do cérebro, interferindo nas funções cognitivas que por sua vez podem afetar a memória. Mas ele explica que esta é uma condição momentânea ligada especificamente à cefaleia e na maioria dos casos não tem relação com um quadro neurológico grave.
O Dr. Elder comenta também que a memória, entre outros fatores, está relacionada a atenção que damos as nossas atividades. “O paciente que sofre com a dor no momento da crise, acaba não conseguindo prestar atenção em mais nada”. Isso ocorre por conta de uma dificuldade em pensar e manter a atenção². Segundo um estudo da Unifesp, falta de foco, diminuição de memória, menor velocidade de processamento de informação e atenção auditiva prejudicada são queixas recorrentes dos portadores de enxaqueca³.
Por aqui já destacamos outros sintomas que comprometem as funções cognitivas do enxaquecoso, como a náusea, fotofobia e fonofobia. Não à toa, a enxaqueca é considerada a 3ª doença mais incapacitante do mundo entre homens e mulheres abaixo dos 50 anos¹ e a perda da memória não é o único sintoma que afeta as atividades intelectuais dos pacientes.
Mas você sabia que algumas medicações para atenuar as crises também podem causar alteração de memória? Isso ocorre porque alguns remédios têm ações colaterais sobre a cognição que ainda não são completamente compreendidas pela medicina.
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Segundo o Dr. Elder, “a melhor forma de evitar os episódios de perda de memória é tratar precocemente a enxaqueca para evitar que ela cronifique”. Evitar o abuso de medicação analgésica é uma das formas de prevenir a enxaqueca crônica, assim como manter hábitos saudáveis, alimentação e sono equilibrados, e atividade física regular.
Além disso, é importante monitorar a frequência das suas crises de dor e procurar ajuda do médico para diagnosticar e tratar corretamente a enxaqueca. E, como nunca é demais lembrar, todo e qualquer sintoma diferente e frequente, seja de dor ou perda de memória, deve ser informado ao seu médico neurologista, para que ele possa avaliar o seu caso.
O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais realize qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista.
¹https://www.ichd-3.org/wp-content/uploads/2018/01/The-International-Classification-of-Headache-Disorders-3rd-Edition-2018.pdf
²Gil-Gouveia R, Oliveira AG, Martins IP. Subjective Cognitive Symptoms During a Migraine Attack: A Prospective Study of a Clinic-Based Sample. Pain Physician. 2016 Jan;19(1):E137-50. [Acesso em 2018 set 20]. Disponível em: https://www.unifesp.br/reitoria/dci/apresentacao/item/1981-enxaqueca-pode-comprometer-audicao
Taís Cruz – MTB 0083367/SP