Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC) existem mais de 150 tipos de dor de cabeça, sendo duas delas as mais comuns e que mais geram dúvidas na população: a cefaleia tensional e a enxaqueca. Para explicar sobre as suas características consultamos um especialista no assunto, o neurologista pela Universidade de São Paulo (USP), Dr. José Geraldo Speciali (CRM SP-14531).
Atingindo cerca de 70% dos homens e 88% das mulheres*, a cefaleia tipo tensional tem como sintoma a sensação de pressão ou aperto (não pulsátil) em toda a cabeça, geralmente ocorrendo mais ao final do dia, com intensidade de fraca a moderada, que não chega a impedir a pessoa de realizar suas tarefas diárias. Este tipo de cefaleia também não costuma se agravar com a realização de exercícios, a exemplo da enxaqueca.
Como o próprio nome remete, a cefaleia tensional costuma estar associada a situações de estresse, ansiedade, tensão e depressão. Quando a pessoa ignora os limites do próprio corpo e se sobrecarrega de atividades, isso também pode ser determinante para o surgimento da dor, como explica o neurologista: “Quem abusa do estresse físico e emocional e fica à mercê do trabalho por horas, dias, sem pausa, sem lazer, está mais sujeito à cefaleia tensional”.
A dor de cabeça tipo tensional também pode ser episódica ou crônica, sendo que a diferença entre elas se baseia no período de duração.
Cefaleia tensional episódica: ocorre pelo menos quinze dias no mês e dura de 30 minutos a sete dias.
Cefaleia tensional crônica: ocorre em mais de quinze dias no mês por seis meses ou mais.
“Em geral, a cefaleia tensional é mais fácil de controlar com medidas comportamentais simples como assistir a um bom programa de televisão, ler um livro, tomar um banho morno, praticar atividade física, dedicar-se ao convívio familiar, praticar algum hobby, viajar, entre outros”, indica Dr. Speciali.
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Especialmente para os casos episódicos, o tratamento não deve envolver medicamentos. “Como essa dor de cabeça está mais relacionada ao emocional, nós nos concentramos nas orientações para as mudanças de hábitos do paciente, inclusive, alertando-o sobre o perigo do uso abusivo de analgésico, que é muito comum e pode tanto agravar as dores de cabeça quanto omitir sintomas que apontam para problemas mais sérios, como AVC, coágulo cerebral, tumor, problema na vista, e assim por diante. Mesmo quando há indicação de medicamentos, eles visam mais o alívio do estresse do que a própria dor, ou seja, prioriza a causa e não a consequência”, esclarece o médico.
Já a enxaqueca é conhecida por dores de cabeça mais agressivas. Elas se apresentam de forma latejante e pulsátil, geralmente em apenas um lado da cabeça e com intensidade que pode variar de moderada a intensa. Ela também pode surgir acompanhada de náusea (e até vômito), sensibilidade a som, luz, cheiro e movimento, sendo que este último pode até agravar as dores. Sua forma crônica também é determinada pela duração: 15 dias por mês por pelo menos três meses (veja mais aqui).
Como se trata de uma alteração química cerebral mais complexa, a enxaqueca deve ser acompanhada de forma contínua por um neurologista que deverá recomendar um acompanhamento multiprofissional, orientará sobre as medicações preventivas da dor e as efetivas para as crises, bem como a necessidade de mudanças comportamentais para a prática de atividades físicas bem orientadas, alimentação funcional, entre outras terapias de apoio.
Para todos os tipos de dor de cabeça, Dr. Speciali faz um alerta: “Automedicação nunca é uma boa saída. O consumo de mais de dez analgésicos por mês já determina abuso de medicamento e pode trazer sérias consequências ao seu organismo, a começar pela dependência cada vez maior da medicação que não trata mais alívio para as crises. Consulte o neurologista e trate adequadamente o seu tipo de dor de cabeça”.
*Sociedade Brasileira de Celafeia = http://www.sbce.med.br/SBCe/index.php/pt-br/para-leigos/8-tipos-de-dor-de-cabeca?showall=1
O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais realize qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista.